*por: Willian Menq.
Fotografar corujas é, sem dúvidas, uma atividade fascinante e desafiadora! A maioria das espécies são noturnas e difíceis de serem encontradas, sendo necessário o uso de lanternas e flash para uma boa foto. Mas será que o uso de lanternas e flash estressa/prejudica a visão das corujas?
Fotografar corujas é, sem dúvidas, uma atividade fascinante e desafiadora! A maioria das espécies são noturnas e difíceis de serem encontradas, sendo necessário o uso de lanternas e flash para uma boa foto. Mas será que o uso de lanternas e flash estressa/prejudica a visão das corujas?
Muitos observadores de aves acreditam que o uso moderado
desses aparatos não causa nenhum dano às aves, já outros não tem tanta certeza.
Em minhas saídas noturnas, percebo que em determinadas situações as corujas parecem “desconfortáveis” sob a iluminação direta de uma lanterna potente, por vezes virando o rosto ou voando. Já em outras situações, quando iluminadas por lanternas mais fracas ou no modo “econômico”, elas parecem mais tranquilas e indiferentes.
Em minhas saídas noturnas, percebo que em determinadas situações as corujas parecem “desconfortáveis” sob a iluminação direta de uma lanterna potente, por vezes virando o rosto ou voando. Já em outras situações, quando iluminadas por lanternas mais fracas ou no modo “econômico”, elas parecem mais tranquilas e indiferentes.
Infelizmente, há poucas informações científicas sobre o assunto. Sabemos que os
olhos das corujas respondem à luz da mesma maneira que os olhos humanos. Quando
o olho é exposto à uma luz intensa e rápida, como o disparo de um flash no
escuro, as células fotorreceptoras ficam saturadas, causando uma rápida
“cegueira funcional” na ave, uma imagem final brilhante que afeta a capacidade
de ver e reconhecer objetos. Geralmente a recuperação é rápida, demorando
poucos segundos para a visão se reajustar.
Quando a coruja é exposta a uma iluminação contínua, como a
luz de uma lanterna, até pode ocorrer a mesma cegueira temporária (se a
lanterna for potente), mas a ave consegue ajustar rapidamente a aberta da
pupila (muito mais rápido que o olho humano), permitindo a quantidade adequada
de luz sobre as retinas (1).
Ellis Loew (2), fisiologista da Universidade de Cornell, EUA,
não acredita que um único flash, ou talvez alguns pares de flash, causa algum
dano a visão das corujas. Mas se houvesse um grupo maior de fotógrafos, seis ou
mais por exemplo, todos disparando flash de uma vez ou dentro de um curto
intervalo de tempo na mesma coruja, aí sim poderia trazer prejuízos fisiológicos
temporários a visão da ave. Em situações assim, as células fotorreceptoras podem
sofrer danos temporários a ponto de não se adaptar ao mesmo nível de
sensibilidade tão rapidamente, diminuindo a acuidade visual da ave por muito
mais tempo. Em situações extremas, pode demorar 30 segundos ou mais até a visão
se normalizar.
Segundo Loew, se nesse período a coruja precisar voar (ou receber várias sessões de flash em voo), pode ser particularmente perigoso. A ave pode colidir com um obstáculo enquanto está temporariamente cega, e/ou tornar-se vulnerável a outros predadores. O mesmo pode ocorrer com exposições excessivas de lanternas potentes.
Segundo Loew, se nesse período a coruja precisar voar (ou receber várias sessões de flash em voo), pode ser particularmente perigoso. A ave pode colidir com um obstáculo enquanto está temporariamente cega, e/ou tornar-se vulnerável a outros predadores. O mesmo pode ocorrer com exposições excessivas de lanternas potentes.
O especialista em fisiologia animal Jack Pettigrew (3),
da Universidade de Queensland, Austrália, acredita que não há nenhuma evidência
empírica para nos preocuparmos. Flash e lanternas potentes podem sim deixar as
corujas temporariamente cegas, mas depois de um tempo tudo volta ao normal. Outros
especialistas, como Denver Holt, diretor do Montana-based Owl Research
Institute, argumentam que o valor educacional dessas fotografias supera o risco
potencial, especialmente se as fotos são usadas para conscientização das
pessoas e conservação, ou se o fotógrafo trabalha em conjunto com pesquisadores
que estudam corujas.
Fato é, que, sem iluminar as corujas com lanternas ou usar
flash é quase impossível fazer uma foto. Eu mesmo não saio para uma corujada
sem meu flash externo e meu kit de lanternas. Acredito que seja tudo uma questão
de bom senso e equilíbrio, igual ocorre com o uso do playback (4). Se o
observador/fotógrafo usar de forma responsável e moderada o flash e as lanternas
sobre as corujas, e tomar alguns cuidados, os potenciais riscos serão bem menores.
Cuidados como evitar expor o mesmo indivíduo por muitos
minutos sob lanternas potentes e flash, evitar feixes altamente focalizados
sobre a ave, ou evitar situações que forcem a ave a voar após ou durante uma
sessão de fotos, são atitudes louváveis. Regular a câmera antes de fotografar
uma coruja, testando-a com fotos de galhos na copa das árvores, também ajuda a
diminuir o número de flash’s na ave, além de evitar perder a oportunidade
fotográfica.
Além disso, muitas lanternas de led possuem vários modos “econômicos”,
onde a incidência de luz é mais fraca, mas o suficiente para focar com a
câmera. Alternativamente, pode-se iluminar a coruja com as partes periféricas
(mais fracas) do feixe de luz, como demonstrado no vídeo de Thiago Tôledo
(link). Assim, além de incomodá-la menos, a probabilidade da ave olhar para o
observador durante as fotos acaba sendo maior.
Bibliografia relacionada:
http://www.owlpages.com/owls/articles.php?a=5
2. Is Flash Photography Safe for Owls? - Audubon: Ethics.
http://www.audubon.org/news/is-flash-photography-safe-owls
3. Atkins, B. (1998) Effects of flash photography on owls - Photo.net.
http://photo.net/learn/nature/owlflash
4. Como, quando e onde observar corujas? Aves de rapina BR
http://www.avesderapinabrasil.com/owlwatching.htm
Olá William, fiz alguns testes usando lanternas e um acessório na frente da mesma que mudava a cor da luz para vermelha. Na verdade vi isto em um documentário na NatGeo e usavam isto para filmar predadores noturnos. Deu um bom resultado pois as corujas pareciam não se importar com a luz da lanterna. Se estiver fotografando com flash e luz deste sobrepõem a da lanterna, mas se for utilizar a luz da lanterna apenas será necessário mexer no white balance da câmera.
ResponderExcluirOlá meu caro, muito boa sua ideia e sugestão. Na verdade havia lido sua excelente postagem no seu blog sobre essa dica. É uma ótima alternativa também.
ExcluirMuito bom William! Eu acredito que nenhuma foto valha mais do que qualquer desconforto ou desrespeito a qualquer animal (nesse caso as corujas). Eu postei um vídeo no meu canal onde eu consegui mostrar que elas realmente tentam dersviar o olhar, por conta da luz dirteta da lanterna. Nada ainda foi comprovado ou estudado a fundo, mas o bom senso tem que estar acima de tudo. Link para o vídeo e pode divulgar se quiser. Abraços.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=BzTFejTUcWs&t=205s
Opa meu caro, com certeza, o bem estar da ave sempre em primeiro lugar. Ah, tanto seu vídeo sobre fotografar corujas quanto seu canal são ótimos, parabéns!
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