*por: Willian Menq.
Encontrar um gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus) pousado na mata é sem dúvidas, muito difícil. Por outro lado, se o observador conhecer “os horários dos gaviões”, registrar essa mesma espécie em voo será bem mais fácil.
Dessa forma, a maneira mais fácil e eficiente de registrar rapinantes florestais é ir a campo nos horários de maior atividade de voo dessas aves. De maneira geral, o melhor horário para observar aves de rapina em voo é no período entre o final da manhã e início da tarde, período em que as correntes de ar ascendentes estão mais favoráveis e essas aves aproveitam para planar e/ou se deslocar pelo seu território. Esse período é o que chamamos de “horário das térmicas” ou “horário dos gaviões”.
Nesses horários, uma ampla variedade de espécies podem ser registradas em voos circulares, desde águias-florestais raras como o gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) até rapinantes pequenos e discretos como o gavião-bombachinha (Harpagus diodon). Outras espécies, como o gavião-urubu (Buteo albonotatus) e o gavião-tesoura (Elanoides forficatus), praticamente só são encontrados em voo.
Vale ressaltar que o horário das térmicas varia de acordo com a região. Em boa parte das florestas do sul e sudeste do Brasil, o pico de atividade dos rapinantes é entre 9:00 e 12:00 h. Em regiões mais quentes, como no centro-oeste do Brasil, os rapinantes têm atividades aéreas um pouco mais cedo. Enquanto que nas regiões mais frias, como nas serras catarinenses, os gaviões podem estar ativos somente a partir das 10:00 h se estendendo até as 15:00 h. Após esses horários a chance de topar com um indivíduo em voo diminui drasticamente.
Durante um estudo que realizei em uma floresta no noroeste do Paraná, a Reserva Biológica das Perobas, dos 184 avistamentos com aves de rapina diurnas feitos ao longo de um ano, pelo menos 55% foram realizados entre 9:00 e 12:00 h, com o maior pico de observações entre 10:00 e 11:00 h da manhã.
Horários com maior número de registros de rapinantes diurnos (Accipitridae, Falconidae e Cathartidae) na Reserva Biológica das Perobas, Paraná. Adaptado de Menq & Delariva 2015. |
Para registrar essas aves é importante estar com um bom binóculo, luneta ou uma câmera com lente de longo alcance. Particularmente, nas aves que estão muito longe ou que me causa dúvidas na identificação, prefiro fotografar exaustivamente para identificar posteriormente. Câmeras cropadas com lentes de 400 mm em diante, são suficientes para um bom registro. Câmeras compactas ultrazoom como a Canon SX50 HS ou a Nikon P610 por exemplo, também se saem muito bem nessas atividades.
Outra questão importante é estar em um local adequado para observação. Não adiantará nada estar no horário ideal para observação de rapinantes se você estiver em uma trilha no meio da mata, onde o campo de visão é muito limitado. O ideal é permanecer em um local com um bom campo de visão, como na borda de uma floresta, no alto de uma torre de observação, em uma trilha suspensa, interior de vales, encostas, e etc.
Também é necessário muita atenção a qualquer “pontinho” voando longe ou alto no céu. Espécies como o gavião-pato (S. melanoleucus), costumam voar muito alto, podendo facilmente passar despercebido pelos observadores ou ser confundido com outras espécies comuns. Outros, como o tauató-pintado (Accipiter poliogaster), podem cruzar de forma muita rápida pelo observador, sendo necessário muita agilidade para fotografar ou experiência para uma rápida identificação.
Exemplo de um local adequado para observação de rapinantes florestais planadores. Área elevada com um bom campo de visão do dossel da floresta.
Outras dicas para observação de rapinantes diurnos podem ser consultadas neste link.
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Muito boa matéria,amigo Menq!
ResponderExcluirParabéns Menq. Ficou fantástico.
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