*por: Willian Menq.
Já registrei diversas vezes a coruja-do-mato (Strix virgata) vindo no som de coruja-preta (Strix huhula), murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana) aparecendo no som de coruja-do-mato (Strix virgata), corujinha-do-mato (Megascops choliba) aparecendo no som de corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae), e vice-versa. Normalmente, em situações de defesa territorial, as aves atraídas pelo playback cantam freneticamente para afastar/intimidar o rival, seja ele da mesma espécie ou não.
Mas nem sempre a intenção da coruja atraída é a de afastar o opositor. Dependendo das espécies envolvidas o comportamento pode ser atribuído ao de predação.
Em junho de 2013, durante uma corujada na área rural de Campos do Jordão/SP, fui surpreendido por um vulto de uma grande coruja que pousou em uma Araucária bem a minha frente. Era uma coruja-listrada (Strix hylophila), que apareceu silenciosamente atraída pelo playback do caburé-acanelado (Aegolius harrisii). Considerando que a coruja apareceu discretamente, em um poleiro à baixa altura, e sem vocalizar, é possível que ela estava interessada em predar o simulado caburé-acanelado (A. harrisii), que tem um terço de seu peso.
Observações de predações entre corujas são raras de serem obtidas na natureza, mas essas interações devem ser mais frequentes do que imaginamos. Algumas espécies grandes, como as do gênero Pulsatrix e Asio, são afamadas predadoras de aves, capturando desde periquitos e saíras dormindo em seus poleiros noturnos, até aves do seu próprio tamanho (veja aqui).
Não só o playback de corujas pequenas pode chamar a atenção das corujas maiores, o canto de outras aves noturnas também. Recentemente, durante uma amostragem noturna no Parque Estadual do Cunhambebe, em Mangaratiba/RJ, vivenciei uma situação parecida. Quando tentava atrair um joão-corta-pau (Antrostomus rufus) com playback, uma murucututu-de-barriga-amarela (P. koeniswaldiana) apareceu silenciosamente em um poleiro baixo à frente de mim, provavelmente interessada em capturar o possível bacurau. Sorte dele que não apareceu!
Durante execuções de playback, é comum as corujas responderem o canto de outra espécie (playback cruzado). Isso ocorre, pois são aves territoriais, defendem seu território através de chamados e comportamentos agonísticos contra qualquer opositor.
Já registrei diversas vezes a coruja-do-mato (Strix virgata) vindo no som de coruja-preta (Strix huhula), murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana) aparecendo no som de coruja-do-mato (Strix virgata), corujinha-do-mato (Megascops choliba) aparecendo no som de corujinha-do-sul (Megascops sanctaecatarinae), e vice-versa. Normalmente, em situações de defesa territorial, as aves atraídas pelo playback cantam freneticamente para afastar/intimidar o rival, seja ele da mesma espécie ou não.
Mas nem sempre a intenção da coruja atraída é a de afastar o opositor. Dependendo das espécies envolvidas o comportamento pode ser atribuído ao de predação.
Em junho de 2013, durante uma corujada na área rural de Campos do Jordão/SP, fui surpreendido por um vulto de uma grande coruja que pousou em uma Araucária bem a minha frente. Era uma coruja-listrada (Strix hylophila), que apareceu silenciosamente atraída pelo playback do caburé-acanelado (Aegolius harrisii). Considerando que a coruja apareceu discretamente, em um poleiro à baixa altura, e sem vocalizar, é possível que ela estava interessada em predar o simulado caburé-acanelado (A. harrisii), que tem um terço de seu peso.
Observações de predações entre corujas são raras de serem obtidas na natureza, mas essas interações devem ser mais frequentes do que imaginamos. Algumas espécies grandes, como as do gênero Pulsatrix e Asio, são afamadas predadoras de aves, capturando desde periquitos e saíras dormindo em seus poleiros noturnos, até aves do seu próprio tamanho (veja aqui).
No Brasil, existem alguns registros de murucututu (Pulsatrix perspicillata), jacurutu (Bubo virginianus) e mochos (Asio spp.), predando corujas menores, como as do gênero Athene e Megascops. No município de Itarumã/GO, D. Mota (com. pess.) encontrou no ninho de murucututu (Pulsatrix perscipillata), restos de uma coruja-buraqueira (Athene cunicularia). Em Lavras/MG, K. Santos (com. pess) encontrou no ninho de jacurutu (B. virginianus), restos de uma suindara (Tyto furcata).
Devido a vulnerabilidade, é comum espécies pequenas serem inibidas (silenciando-se) durante a reprodução do playback de espécies maiores.
Não só o playback de corujas pequenas pode chamar a atenção das corujas maiores, o canto de outras aves noturnas também. Recentemente, durante uma amostragem noturna no Parque Estadual do Cunhambebe, em Mangaratiba/RJ, vivenciei uma situação parecida. Quando tentava atrair um joão-corta-pau (Antrostomus rufus) com playback, uma murucututu-de-barriga-amarela (P. koeniswaldiana) apareceu silenciosamente em um poleiro baixo à frente de mim, provavelmente interessada em capturar o possível bacurau. Sorte dele que não apareceu!
Murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana) atraída pelo playback de um joão-corta-pau (Antrostomus rufus). Foto: W. Menq, Mangaratiba/RJ. |
E você, já viu alguma coruja grande vindo no som de uma menor?
Bacana o texto! Estou avaliando estas "interações". Por enquanto a campeã é S. virgata... Frequentemente responde ao estímulo vocal de Pulsatrix.
ResponderExcluirShow demais!! Muito interessante essa informação, aqui onde moro, geralmente encontro as Megascops, vou tentar fazer esse teste pra ver se acontece algo parecido! Abração
ResponderExcluirBoa sorte Raphael, essas interações são incríveis!
ExcluirQue fantástico meu amigo! Show de informações!
ResponderExcluirShow!
ResponderExcluirComo sempre fazendo o trabalho de distribuição bem feito!
Em uma recente corujada em Peruíbe, ao tocarmos o som da coruja sapo quem apareceu foi a Murucututu de barriga amarela. Paramos a vocalização da sapo com receio que a mesma fosse predada pela murucututu.
ResponderExcluirBem provável TEG. Interessante seu relato, grato por compartilhar.
ExcluirQue legal encontrar este artigo! Aconteceu na sexta-feira, em Gonçalves, em frente de casa, a listrada veio com o som da coruja preta.Pousou numa araucária próxima exatamente como essa da foto, é ficou um bom tempo vocalizando.imaginei que estivesse guardando território.
ResponderExcluirOi Isabel, legal demais seu relato. No seu caso, provavelmente era defesa territorial mesmo, tendo em vista que as espécies envolvidas são competidoras naturais. Geralmente, casos de predação, a coruja a ser predada é pequena (Glaucidium, Megascops). Abraços
ExcluirEm maio/2016, em Intervales, chamávamos um bacurau-rabo-de-seda (,que respondia) e veio um mocho-diabo.
ResponderExcluirQue legal Fernanda!
ExcluirA mocho-diabo apareceu em silêncio ou vocalizando?