16 de agosto de 2017

I Congresso de Ornitologia das Américas

*por: Willian Menq.
Semana passada, aconteceu entre os dias 8 e 11 de agosto o I Congresso de Ornitologia das Américas, na cidade de Puerto Iguazú - Argentina, organizado conjuntamente pela Association of Field Ornithologists, Sociedade Brasileira de Ornitologia e Aves Argentinas.

O evento reuniu pesquisadores de todas as regiões das Américas, com predominância de brasileiros e argentinos. Houveram cerca de 350 apresentações científicas e sete conferências plenárias. Participei do congresso acompanhado de minha esposa Jessica Nascimento, das amigas Simone Mamede, Maristela Benites, e dos amigos Pedro Scherer-Neto e Ricardo Ribeiro. Também conheci e revi alguns amigos distantes.

Nas sessões científicas, além dos estudos clássicos de ecologia, comportamento e evolução, haviam muitos trabalhos sobre o uso da ciência-cidadã na compreensão de impactos, padrões biogeográficos e conservação de aves. Stephanie C. Schubert, por exemplo, falou sobre o uso do banco de dados do Wikiaves como ferramenta para compreensão da migração de aves brasileiras; Lucas W. Degroote discutiu sobre o uso da ciência-cidadã na elucidação de colisões com aves em vidraças; Luciano M. Lima usou a ciência-cidadã para compreender os padrões biogeográficos de vários táxons da Mata Atlântica; Simone Mamede falou sobre o mapeamento dos registros de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) aliado a ciência-cidadã na região da Serra de Maracajú, MS.

Falando em aves de rapina, vários estudos com rapinantes foram apresentados no congresso, em sua maioria bem interessantes. Dos que eu pude ler ou assistir, destaco o trabalho do José H. Sarasola sobre a eletrocussão de aves de rapina em postes de energia na Argentina; do Maximiliano Galmes sobre o sucesso reprodutivo da águia-cinzenta (Urubitinga coronata) na região central da Argentina; da Maristela Benites sobre o monitoramento de um ninho de gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus) na Serra do Maracajú, MS; da Jessica Nascimento sobre a composição de corujas na área urbana de Campo Grande, MS; do Santiago Zuluaga sobre a ecologia de movimentos aplicada à conservação de aves ameaçadas, incluindo o Spizaetus isidori e Urubitinga coronata; do J. Monsalvo sobre as espécies da região neotropical com escassas informações acerca de sua da biologia reprodutiva; da Natalia Rebolo sobre o espaço aéreo do condor-andino (Vultur gryphus) e os conflitos com as atividades humanas; além de muitos outros, infelizmente não dá para citar todos aqui.

Livro de resumos do congresso disponível neste link.

No congresso apresentei os resultados preliminares de um estudo antigo sobre a eficiência do playback na detecção de corujas florestais. Através de informações obtidas de forma eventual em corujadas pelo interior do Paraná, fiz uma comparação entre duas técnicas para amostragem de corujas: 1) ponto de escuta, e 2) playback. Como esperado, o playback demonstrou ser bastante eficiente na detecção de corujas, especialmente nas espécies do gênero Strix e Pulsatrix, aumentando de 30 a 80% o sucesso nas taxas de contato com as espécies.

Sessão de painéis do dia 09 de agosto. Foto: W. Menq

Apresentando trabalho sobre a eficiência do playback na detecção de corujas florestais. Foto: Jessica Nascimento.
A cidade anfitriã do evento, bem como toda a região (incluindo Foz do Iguaçu, Brasil), é dominada pela Floresta Estacional Semidecidual, um tipo vegetacional da Mata Atlântica. Além dos atrativos de beleza cênica e áreas naturais, como as cataratas do Parque Nacional do Iguaçu, a região possui uma riqueza de aves impressionante, com quase 500 espécies catalogadas. Aproveitamos a estadia na cidade para ir a Foz do Iguaçu passarinhar nas trilhas do Parque Nacional do Iguaçu, visitar o Parque das Aves e o Refúgio Biológico Bela Vista. Do lado argentino, fomos no centro de resgate e reabilitação Guira Oga e no famoso jardim dos beija-flores.

Jacutinga (Aburria jacutinga) registrada na trilha de acesso às Cataratas do Iguaçu. Foto: W. Menq

Harpia (Harpia harpyja) fêmea, do projeto de reprodução de harpias do Refúgio Biológico Bela Vista,
Foz do Iguaçu/PR. Foto: W. Menq.

Visitando o Parque das Aves na companhia dos amigos Pedro Scherer-Neto, Edmilson, Macedo, Simone Mamede, Maristela Benites e Jessica Nascmento. Foz do Iguaçu/PR.
Gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) do centro de resgate e reabilitação Guira Oga, Puerto Iguazú, Argentina. Foto: W. Menq.

Anacã (Deroptyus accipitrinus) no recinto do Parque das Aves, Foz do Iguaçu/PR. Foto: W. Menq.

Um comentário:

  1. Oi William! Desculpe me comunicar por aqui, mas não tenho Instagram ou Facebook, então, a única forma de contato com você é por aqui. Gostaria que você comentasse sobre o fato estranho que ocorreu no México quando um bando de aves morreu quase que instantaneamente de uma só vez. Os biólogos e veterinários acharam que se trata de uma desorientação e choque dos pássaros, mas isso me pareceu tão sem sentido! Pode ser? O que você acha? Qual sua teoria? Segue o link da reportagem: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/02/16/entenda-o-que-levou-a-morte-centenas-de-passaros-no-norte-do-mexico.ghtml. Obrigada! Nairlene Brasil

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